sexta-feira, 23 de julho de 2010

"Divórcio é como homicídio"

Essa semana ouvi duas frases que me marcaram.  As duas são sobre divórcio e, no final das contas, traduzem a mesma ideia. Que separação é como a morte de alguém.

A primeira ouvi de um homem. Um amigo que está se separando falava da sua dificuldade em deixar a mulher. Ao ouvir isso, um amigo dele, já separado, lhe disse a seguinte frase: se separar  é como cometer um  homícidio. Você "mata a pessoa"e não vê mais. Achei isso forte demais.

A outra frase, ouvi de uma mulher. Uma amiga que se separou e casou novamente. Ela disse que "divórcio é como a morte, se você não enterra, o fantasma fica rondando". Também achei isso forte.

Pensei, pensei, pensei sobre tudo isso e vejo um fundo de razão nas duas opiniões. O fim de uma relação, de um casamento, de anos de história é como a morte de alguém _ainda que simbolicamente. Você passa por todas as etapas de um funeral: primeiro é preciso cair a ficha de que a pessoa se foi, que você não vai mais vê-la, encontrá-la; depois você vive o luto, a saudade, a falta que a pessoa faz na sua vida; até que tempos depois, sua vida volta ao normal e a pessoa fica na lembrança (claro que, em muitos casos, o (a) ex vira um enconsto, que não desencarna nunca).

Não é à toa que muita gente diz que a dor da separação é, sim, comparada à da morte de um ente querido. Mas é também um ritual de passagem, de aprendizado e pode ser um ato de amor. Hoje, quando lembro do meu avô, que era um pai para mim, penso nas coisas lindas que vivemos juntos e que vão ficar pra sempre comigo.

Com a separação deveria ser a mesma coisa. É preciso viver o luto e deixar a "pessoa ir em paz". Enterrar de vez os "mortos"e tocar a vida adiante. Sem ponto final, a pessoa nunca deixará de ter esperanças e isso é de um egoísmo e de uma crueldade sem fim.

Na minha experiência, tenho o exemplo dos meus pais. Meu pai saiu de casa quando eu tinha 6 anos de idade. Ele e minha mãe eram crianças, tinham 21 anos. Minha irmã tinha apenas 3 anos. Meu pai foi levando as roupas devagarinho, até que um dia partiu. Ele já estava namorando outra mulher, mas escondeu isso da gente, por motivos que aqui não me cabem julgar. Ele foi viver a vida dele e hoje é muito feliz ao lado da mulher dele e dos três filhos. Admiro o meu pai por ter tido a coragem de ser feliz.

Mas a forma como ele se divorciou da minha mãe foi cruel. Ele continuava saindo com ela, transando com ela, dando a esperança de que um dia poderia voltar. Afinal, qual mulher que ama um homem não pensaria assim? Ele ligando, a procurando, levando ela pra sair. Minha mãe achava que ele estava em dúvida, mas que um dia voltaria. Não voltou. E ela não refez a vida dela. Hoje, aos 53 anos, poderia estar casada, mas não está. Passou a juventude dela sem enterrar os mortos.

Por isso, penso que o amigo do meu amigo está certo. Apesar da frieza ao comparar o divórcio a um homicídio, é melhor matar de vez o sonho e enterrar a pessoa. Deixar as boas lembranças vivas em nome da amizade e do respeito, que sempre devem existir. E evitar que o fantasma fique rondando, te impedindo de seguir adiante e ser feliz.

Irma

5 comentários:

  1. É qd ouvido num primeiro momento, parece mesmo algo meio exagerado. Mas muitas vezes é isso que acontece e quanto mais tempo isso leva pra ocorrer mais dificil é.
    Conheço em especial uma pessoa que se separou e que o marido fez exatamente isso com ela, voltava sempre dando falsas esperanças e até um 3º filho fez nela, até que ele morreu mesmo e aí foi a vez dos filhos tomarem o lugar do pai e dizerem que não aceitavam outro homem na casa. Na época a mãe achou que aquilo era algo justo, mas hj todos os 3 filhos se casaram e ela quem ficou sozinha.
    Então, meu " conselho" é enterre seu ex pois, o que deve morrer é o casamento e não vc pra vida!

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  2. Oi Irma,
    Realmente colocar o ponto final é primordial pra continuidade da própria história.
    Eu bem sei disso! Adorei o post! Vem do fundo da alma!
    beijocas,
    Mari.

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  3. É bem como eu penso...é preciso viver o luto e tocar a vida. E guardar no peito as doces lambranças e o aprendizado.
    =D

    Tua mãe é muito nova ainda!!! Tem vida demais pela frente. Vou apresentá-la à minha, que tem 55, e quem sabe elas não sassaricam por aí, rs

    bjsss e mta luz!

    deb

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  4. Se o relacionamento acabou, acabou!Não podemos ficar presas!
    Estou numa fase muito ruim no meu casamento, e não é fácil mesmo se separar!
    Bjssss

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  5. É vero, todo mundo deve saber fechar os ciclos, deixar a vida acontecer, afinal.

    A comparação com o homicídio é perfeita, concordo. É morte matada e morrida meeeeeeeeeesmo, hahaha!!!!

    Beijos,

    Bela - A Divorciada

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