segunda-feira, 5 de julho de 2010

Enfrentar o medo sem fazer perguntas





"Os verdadeiros perigos nunca são os que imaginamos
E nunca aparecem nos lugares em que esperamos"

Essa é a fala de um misterioso velhinho dono de um hotel para a personagem Alice, no filme homônimo, do diretor francês Claude Chabrol, de 1977. Aluguei o DVD e devorei no fim de semana. O filme conta  a história de uma mulher (Alice, vivida por Sylvia Kristel), que resolve sair de casa,  largar o marido em busca de ser feliz.

Na primeira noite fora de casa, Alice vai parar num hotel misterioso, onde tudo o que acontece é envolto por surpresas. De cara, ela tem que enfrentar o medo de ficar só, com barulhos estranhos à sua volta. As poucas e misteriosas pessoas que circulam pelo hotel não respondem a qualquer pergunta feita por Alice.

"Perguntas são inúteis quando não existem respostas", diz o velho misterioso (que mais parece a consciência dela)

Alice se vê obrigada a procurar respostas sem fazer perguntas. Isso faz com que ela fale mais com ela mesma, com que ela enfrente mais os seus medos. Achei isso lindo. Nas situações em que me vi desesperada, em pânico, com medo das decisões que ia tomar, eu sempre recorria a perguntas pra encontrar uma saída. Nunca havia pensado sob o ponto de vista do filme: o de não perguntar, seguir meu próprio instinto, ouvir melhor o que meu coração e minhas próprias ideias têm a dizer.

As imagens que se seguem são de Alice deixando o hotel e tentando achar seu caminho. Ela esbarra em portas que não se abrem, estradas sem saídas, obstáculos. Até que ela resolve voltar para o hotel. Só que, na volta, ela não acha mais a entrada do lugar. Alice percorre todo o muro que circunda o local e não vê mais o portão.

Ela decide, então, escalar o muro. Quando alcança o topo, olha e não vê nada no horizonte. Sente um pavor gigante, tem medo de cair, medo, muito medo de tudo. Então, resolve descer e ficar onde está. E só nessa hora, um homem aparece para lhe dizer:

_ Alice, só esta pergunta será respondida. Quando você tentou pular o muro, poderia ter conseguido. Você deveria ter confiado nos seus instintos, seguido adiante na tua decisão, mesmo com todo o medo do mundo.

Alice, então, responde:

_ Mas sempre pode-se tentar de novo.

_Não, Alice, nem sempre. Agora, o muro já não existe mais.

Voltei essa cena umas quatro ou cinco vezes. É fabulosa. Me identifiquei muito com esse trecho. De todos os medos que sentimos na vida, o pior é o medo que nos paralisa. O medo de ter medo. A gente sequer tenta sair do lugar,  e carrega essa culpa por anos e anos.

Como aconselhou o homem, é melhor ir adiante, seguir o próprio instinto. Do contrário, o tempo passará e poderá ser tarde demais pra tentar novamente depois.

Irma

4 comentários:

  1. Querida Irma,
    Gostei muito do texto e com certeza verei o filme! Muito feminino. Ter coragem de enfrentar o medo e tomar a decisão que no nosso íntimo sabemos ser a certa. O pior medo é mesmo aquele que nos paraliza e depois nos tornamos pessoas amargas que reclamam de tudo porque não tivemos coragem para mudar!
    beijocas,
    Mari.

    ResponderEliminar
  2. Fiquei curiosa para ver tb.

    Avante, Irma. Avante para todas nós.

    Beijão, para o trio,

    Bela - A Divorciada

    ResponderEliminar
  3. Boa dica! Gostei.
    Beijos,
    Sonia

    ResponderEliminar
  4. Nossa tadinha da alice, fiquei mto triste com o q o homem falou, 'nem sempre podemos tentar de novo', isso e mto trsite, acho que podemos sim, sempre tentar, nem sempre vai ter o mesmo final , mas sempre da pra tentar.

    ResponderEliminar