domingo, 25 de julho de 2010

Quando o auto boicote é o gerador da violência!





Quando somos pequeninas muitas ideias nos são incutidas e, graças às Deusas, temos a oportunidade de pensar sobre elas e muitas vezes irmos mudando nossos conceitos e nossos objetivos.  Em diversas ocasiões nos damos conta de que o que nos ensinaram não era necessarianemente o correto, o mais justo ou mesmo o mais sensato.  E algumas vezes mudamos. Outras vezes, contudo, vamos vivendo, acreditando naquelas verdades alheias que por ventura se fizeram nossas e escolhemos acreditar. 

Eu digo isso porque muitas vezes, em nosso íntimo, nas nossas entranhas, sabemos que existe alguma coisa errada alí e mesmo assim optamos pela continuação do que não é legal de uma maneira geral. Por exemplo, e vou dar em exemplo bem bobinho, quando eu era adolescente, eu ajudava minha mãe com as tarefas de casa.  Acontece que como muitos de vocês já sabem eu tinha quatro irmãos, e eles não ajudavam em NADA.  Era como se o mundo e todas as mulheres tivessem essa obrigação para com eles.  Eu me achava vítima e injustiçada e tinha um ódio mortal de minha mãe por me obrigar a fazer tudo sozinha, de meu pai por achar aquilo certíssimo e de meus irmãos que muitas vezes deitavam na sala para assistir televisão, ou iam brincar, ou iam ao clube.

Eu sempre falava pra ela que eles deviam ajudar e ela vinha com aquele discurso babaca de que eles eram homens e que serviço doméstico era serviço de mulher.  Minha mãe nunca trabalhou fora depois que se casou, apesar de ser professora, foi uma escolha dela e de meu pai, mas ela estava enfiando minha goela abaixo aqueles conceitos que já bem pequenina eu não concordava.  Até que um dia, aos berros, eu disse que não mais arrumaria as camas deles, que eu arrumaria a minha e que se ela quisesse criar aqueles tipos de homens que pensam que mulheres são suas serviçais era uma opção dela e eu não compactuaria com aquilo.  E aos gritos continuei para ela e meu pai que "criar machos era muito fácil, a natureza já tinha feito seu papel e era só ter um pinto, agora criar HOMENS, isso sim é que era díficil e exigia mais do que o PINTO, era preciso pensar e ter consciência.

 Eu tinha 16 anos, tenho muito, mas muito orgulho mesmo de mim mesma por isso.  Acho que foi a primeira vez que eu "aos berros" quebrava a corrente de vítima que me aprisionava.  A partir de então minha mãe fez meus irmãos arrumarem suas próprias camas. E eu vi meu pai uma vez falando pra um de meus irmãos: "Ser macho é muito fácil, você já nasceu com um PINTO, quero ver você se tornar um HOMEM"!!!, e olhou pra mim e deu uma piscada!!! (Vocês entendem por que eu adoro o meu pai???? Ele ouvia!).

Eu ainda continuei fazendo muito mais serviços domésticos do que eles, mas todos os meus quatros irmãos sabem cozinhar, e organizar suas vidas e hoje, todos ajudam suas esposas em casa e com seus filhos, assim como elas também os ajudam etc.  Nada é perfeito, mas até que é bem bacana.

Esse auto boicote que eu cito no título é não se dar a voz, não se dar a chance, concordar com o que intimamente você não concorda, fazer o que intimamente você não quer fazer, rir de coisas que intimamente você não acha graça, e simplesmente ser VÍTIMA! O que é o maior convite à violência.

Se você não concorda, não aceita, não acha certo ou justo; não faça, não aceite, não compactue, não dê continuidade!

Não boicote suas mensagens interiores, pois até a Cinderela já está mudando de ideia!!!!

beijocas,

Mari.

3 comentários:

  1. Gata borralheira Mari,

    Adoro essa sua história! Fez muito bem em se rebelar e dar limites aos teus irmãos, que só ganharam.
    Beijos,
    Irma

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  2. Oi Mari, começei a ler e vi td aquilo que vc escreveu, portanto hj não vou escrever nd, apenas lembrar da gde mulher que vc é depois de seu BERRO!
    bjs te adoro AMIGA
    Pi

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  3. Oi querida!!!!

    Bravo!!!!! Vc é um exemplo pra mim e tenho muuuuuuuito orgulho de ser sua prima.
    Grds bjs,

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