segunda-feira, 26 de abril de 2010

Maneiras (ruins) de dizer adeus

1978 - Duas amigas saem do colégio. Uma delas, Silvia, está radiante porque acaba de ganhar uma fita cassete do namorado, com músicas que ele gravou especialmente para ela. As duas vão direto para casa ouvir as canções. Na primeira delas, a voz inconfundível de Caetano:


"Podemos ser amigos simplesmente, coisas do amor nunca mais"



Já no primeiro verso, Silvia cai em prantos. Pra bom entendedor nas coisas do amor, meio pé na bunda é suficente pra saber que a canção é um fora daqueles bem doídos. Silvia não consegue ouvir a música até o fim e até hoje, quando a voz de Caetano começa a embalar a letra da canção "Chuvas de Verão", Silvia relembra com ódio daquele momento.

2010 - Após um ano de namoro com Clara, Marcos (nomes fictícios) resolve dar um fim na relação e brinda sua liberdade no Facebook, onde conta com 150 amigos para compartilhar a vida em poucas palavras. Na rede, ele posta a seguinte frase, (in)diretamente direcionada à Clara, uma das 150 "amigas":


"A maior alegria da vida é a liberdade"


Nem preciso descrever o quão pequena Clara se sentiu ao ler o fim do caso deles resumido de maneira tão chula na internet. Assim como Silvia, ela vai demorar anos para se recuperar do trauma.


Em comum, as duas histórias têm a forma "inovadora" e péssima de dizer adeus. Ou melhor dizendo, o desprezo pelo sentimento alheio num momento tão difícil. Fico pensando o que leva alguém a expor a dor do outro em público.


Em qualquer relação, as pessoas aguardam o momento mais íntimo, a sós, para revelar pela primeira vez as três palavrinhas tão desejadas no começo de qualquer paixão: "Eu te amo". Não conheço ninguém que tenha dito essa frase para o namorado (a) pela primeira vez durante um protesto em plena Avenida Paulista.


Do mesmo jeito, acho que qualquer pessoa deve ter cuidado na despedida. As quatro palavrinhas: "Foi bom enquanto durou" também merecem ser ditas num momento íntimo, com toda a delicadeza que o fim de qualquer relacionamento exige. Afinal, nada precisa parecer pior do que já é.


Irma

2 comentários:

  1. Querida Irma,
    ria comigo: descobri que tinha sambado pelo Orkut, ao ver a foto do meu pretê com outra!
    O que fiz? Fiquei "P" da vida, claro, conversei abertamente com ele, e "suiça" como sou, continuamos amigos até hoje.
    Mas, como sempre, perdi meu tempo: o safado continua usando e abusando das mulheres sem querer nada sério com ninguém. E daí fica um lembrete: não importa o tempo juntos ou quão densa foi a relação, no final, podemos ter uma surpresa infeliz, seja por incapacidade do companheiro em ser franco ou simplesmente falta de respeito mesmo. A gentileza deve fazer parte da relação desde o primeiro cafezinho até o último suspiro. Disso, eu não abro mão!
    um cheiro, Zoe.

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  2. Queridas...
    E o sumido???? Aquele que desaparece FOREVER!!!
    Aconteceu comigo...discutimos pelo telefone! E quando eu não aguentava mais, pois ia começar a chorar... falei: Depois nos falamos. E fiquei anos esperando ele me ligar. Primeiro fiquei tão triste... me sentindo tão insignificante... Depois fiquei com tanta raiva que acho que meteria a mão na cara dele se o visse ou aparecesse na minha frente!
    Mas não teve jeito. Depois de cinco anos, e muita terapia...(viva os gatos listrados que soltam baforadas nas nossas caras Alice!!!) liguei pro moço, marcamos um encontro ao vivo e cara a cara, como tem que ser, e conversamos.
    Falei tudo, com calma e com respeito por mim, por ele, e pelo que tivemos juntos. Foi catártico! E ele se deu conta de como as atitudes são importantes. Se arrependeu e pediu desculpas. Bom pra mim! Adorei! Me senti o máximo!
    beijocas,
    Mari.

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