quinta-feira, 29 de abril de 2010

Desejo, literatura e reparação

Uma das coisas que mais amo no meu horário inusitado de trabalho (entro às 15h30) é o tempo que tenho para almoçar tranquila em casa. Depois de comer, ainda tenho tempo de descansar e zapear a TV. Descobri que nesse horário há ótimos filmes na TV a cabo.

Dias atrás, após almoçar, revi um filme de que gostei muito no cinema: Desejo e Reparação. A história é sobre uma irmã que escreve um livro para contar sua versão sobre um grande acontecimento da sua infância. No passado, ela acusou o caseiro de sua casa, namorado de sua irmã mais velha, de ter cometido um crime, do qual ele é inocente. O filme narra a reviravolta que essa mentira provocou na vida dos dois amantes. Drama puro, mas na medida.

Quando me dei conta, estava chorando (novamente) na cena em que, já mais velha, a escritora conta que alterou o final da história da irmã, no seu livro, para dar ao casal uma felicidade que eles nunca puderam ter em vida. Caí aos prantos. Pensei em quantos casais deixaram de ter um final feliz, ou mesmo um final juntos ainda que nem tão feliz assim, por circunstâncias alheias às suas vontades.

É triste saber de uma história de amor que foi interrompida. Minha avó, que morreu aos 73 anos, até o fim da vida lamentava a morte trágica do seu primeiro marido, a quem ela chamava de seu grande e eterno amor. Ela tinha apenas 17 anos quando ficou viúva. Uma dor insuportável, que somente foi adormecida com a chegada do meu avô na vida dela, mas que nunca foi completamente curada.

Se pudesse reescrever a sua história, tenho certeza de que minha avó teria colocado nas páginas do seu livro um final feliz com esse seu grande amor, ainda que, em nome disso, a minha própria existência e da minha mãe estivessem em jogo.

E, tragédias à parte, acho que todo mundo deve ter uma passagem na vida que adoraria reescrever, como na literatura.
 
Irma

3 comentários:

  1. Que lindo Irma!
    Realmente quem não quereria poder reescrever uma história de amor e lhe dar o final tão sonhado!? Eu com certeza topava esta!
    beijocas,
    Mari.

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  2. Vcs já viram "A Dona da História"? O mote é exatamente esse: uma mulher diante de si mesma no passado, podendo fazer tudo diferente no futuro. É uma peça do João Falcão. Até rendeu filme, mas no teatro ficou bem melhor.

    Beijos,

    Bela - La Divorciada

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  3. Vi essa peça, sim. Maravilhosa com a Marieta Severo. Inesquecível!

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