domingo, 9 de maio de 2010

Ao lado da minha mãe

Ligo para minha mãe, na sexta-feira, e ela já percebe pela minha voz que estou à procura de abrigo. Não preciso dizer muita coisa, ela logo me dá uma pequena bronca, se redime e diz:

- Você sabe da sua vida. Só quero te ver feliz!

Era tudo o que eu precisava ouvir naquele momento tão doloroso. É claro que eu teria o apoio dela, mas tinha medo de como ela iria reagir. E ela foi, como sempre, uma companheira. Agiu assim quando  eu engravidei na adolescência. Mesmo assustada, a primeira coisa que ela fez foi pedir para passar a mão na minha barriga. E me apoiou muito. Muito. Minha mãe tem o sexto sentido tão grande que é capaz de me ligar adivinhando que estou aos prantos do outro lado da linha.

Mamãe sempre foi polêmica. Ela consegue provocar duas reações nas pessoas: ódio ou amor. Sempre falou o que pensa. Zoe e Mari sabem disso. Quem a conhece, logo reconhece nela uma guerreira. Casou cedo, virgem, com o homem que ela pensou que viveria a vida inteira. Foi "abandonada" por ele, como ela sempre diz,  com duas meninas pequenas. E até hoje tenta se recuperar da rejeição. Foi trabalhar sem ter experiência: foi secretária, vendedora de avon, manicure, fez salgado pra fora, motorista de perua escolar até virar camelô - hoje ela vende chocolates, que ela mesma faz, em uma barraquinha de escola. Criou duas filhas sozinha. Até hoje se orgulha de ter uma advogada e jornalista e uma professora que dá aulas em uma escola no bairro onde Obama nasceu, em Chicago. Crescemos, eu e minha irmã, ouvindo essa frase:

_ Trabalhem, guardem o dinheiro de vocês. Nunca dependam de homem pra viver. Procurem um amor verdadeiro que preencha vocês de alegria pelo tempo que durar. Mas sejam vocês mesmas, sempre.

Mesmo com toda a braveza dela, nossas indiferenças, brigas, ela sempre me ensinou que a gente tem que estar inteiro nas escolhas, pensando no melhor. E, em nome disso, ela me apoiou ainda quando eu estava pra lá de errada.

Logo mais vou me encontrar com ela. Ela me dará bronca, certamente vamos brigar. E mais uma vez ela vai me mostrar o melhor caminho, me dar apoio e dizer que me ama. Como eu quero dizer pra ela aqui nesse blog, o quanto eu a amo.

Irma

2 comentários:

  1. Irma, sou muuuuito sua fã. Te admiro cada vez mais. Agora, sou fã da sua mãe também! E me sinto privilegiada por ter crescido ouvindo da minha mãe as mesmas palavras que vc ouviu da sua.
    Bjo!

    ResponderEliminar
  2. Mãe é mãe e às vezes enche muito o saco! Mas é mãe, sei lá! Elas têm um sexto sentido, como vc diz nos conhece pela voz! Prefiro estas que nem a sua e a minha, que brigam, dão bronca, mas que vc pode contar com o amor e que desejo mesmo que de uma maneira muito peculiar delas mesmas que sejamos felizes! As relações mãe e filha são grande lições na nossa vida.
    E em nossas amigas temos tb às vezes mãe e às vezes filha! Pode contar comgigo viu filhinha!
    beijocas,
    Mari.

    ResponderEliminar