segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A tatuagem e a entrevista de emprego

Uma amiga minha, Lu, quarentona feliz da vida, resolveu fazer uma tatoo para marcar uma etapa interessante da vida dela e, no fundo, realizar uma antiga vontade.

E fez. E adorou. Já pensa em fazer mais duas, afinal "uma só é muito pouco"!

Mas aconteceu uma coisa muito estranha, que ela jamais pensou que poderia acontecer. Ao se vestir para uma entrevista de emprego, ela ficou extremamente incomodada com a perspectiva de deixar o entrevistador perceber a sua mais nova "amiga pra sempre". E, após um bom tempo escolhendo entre um "visual executivo, porém não muito sóbrio e jamais chato", pegou aquela calça tradicional, uma camisa branca e uma blusa para colocar por cima da camisa, porque, apesar de ser uma peça perfeita, ainda deixava aparecer um pouco o contorno de suas florezinhas nas costas. E isso, ela tinha certeza de que preferia esconder.

A entrevista rolou. E foi muito boa. Mas o calor não previsto, a vez suar um pouco mais do que o desejado. E nada de tirar a blusa... hehe...

O interessante dessa história é que, por mais que as tatuagens já façam parte da nossa vida (conheço muuuita gente com belos desenhos no corpo), ainda somos preconceituosos com quem decide enfeitar o corpo.

Outro dia, num momento zen, assistindo a MTV, pude acompanhar um desses realities shows. Falava sobre pessoas tatuadas que sofrem com esse tipo de marginalização. Um rapaz,entregador de pizza, não conseguia evoluir para um emprego de atendente num restaurante. Teve que dolorosamente apagar algumas de suas tatoos para ser admitido na nova função. A mesma coisa aconteceu com uma menina.

Não parece estranho no mundo de hoje o preconceito (ou medo) que cerca desse tipo de coisa? Desde quando o profissionalismo está ligado à escolha feita por uma pessoa em se vestir, seja pele ou roupa? Afinal, tatoo não é mais exclusividade de yakusa ou prisioneiro, né? Está até na moda!

Eu mesma já sofri com algo diferente, mas parecido. Meu cabelo vermelho e minha cor predileta para roupas já foram alvo de comentários de algumas executivas do tipo "bolsa de grife famosa com marca estampadona em todo canto". Tudo o que eu não curto!

Empresas de recrutamento e seleção sempre indicam o terninho básico para entrevistas. Unhas claras, pouca maquiagem. O código corporativo é claro. E chato. Por vezes, muito machista.

Algumas profissões são mais flexíveis, claro. Mas no geral, a coisa é feia mesmo. Qualquer coisa que saia do padrão, complica. Muito gorda, tatoo, cabelos vermelhos, cabelos muito curtos... Parece que temos que ser mulheres magras, escovadas, de terninho e scarpin, e homens de termos escuros, gravatas vermelhas ou azuis e sapatos clássicos. Que saquinho...

E o que fazer? Brigar com o mundo não adianta. No meu caso (escolhi viver nesse mundo corporativo), a minha solução é simples: a pessoa jurídica é básica, mas com acessórios interessantes; mas a pessoa física, não perde a oportunidade de usar um sapatinho rosa chiclete!!! E a minha tatoo não aparece.

Que tal?

Não acho que seja errado camuflar esse tipo de coisa. Acredito que com isso você preserva um pouco mais a sua verdadeira identidade. Afinal, trabalho é apenas um ofício, não a sua vida.Queremos crescer e as pessoas que estão lá não necessariamente serão suas amigas... Então, melhor achar o meio termo.

Àqueles que são malucos por tatuagens, vale a pena escolher bem o local e o desenho, afinal, é para sempre ou doi. Muito, aliás!

Enquanto esse mundão não entender que a aparência nada tem a ver com profissionalismo, melhor cuidar da gente.

Um cheiro,

Zoe.
Ah! E a minha tatoo é um dragão!

7 comentários:

  1. Não deveria, mas faz diferença sim. Quando mostramos a tatoo parece que perdemos um pouco do respeito. Já pensando nisso, fiz a minha num lugar nada vizível.
    Nao sou a favor de preconceitos, mas temos que admitir que eles existem!
    Bjss
    Dani

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  2. Hello Zoe querida...
    Pra falar a verdade me incomoda um pouco sim que tenhamos que agir assim, não que você ou a Dani, ou todos que tentam disfarçar suas opções por não caberem dentro do preconceito alheiam, tenham que sair por aí com um estandarte gritando seus direitos, compreendo bem a escolha de vocês, empatizo, mas me incomoda! Eu já sofri muito preconceito por ser diferente, só que no meu caso não dá pra esconder, é como sou, sou gorda. Então simplesmente acho super injusto, ser julgada pelo meu porte, mas sou constantemente. Cada coisa que tenho que ouvir! Hummmm acho que vou escrever um post sobre isso! Mas fica aqui meu enorme apoio a todas vocês mulheres tatuadas....acho lindo, mas não tenho coragem!!!hahaha...tenho medo de agulhas...ui!
    beijocas,
    Mari.

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  3. Querida Zoe, com seu lindo sapato rosa chiclete,,,,,,,,,,,Estou há + de 15 anos escolhendo o lugar e a tatoooooooooooooo.
    Já resolvi,,e claro, acabo de fazer 50,,,,,,,
    Uma vez fiz uma tatoo de henna e meus filhos deram tanta gargalhada na minha cara, que esta atitude me fez acelerar o processo,,,,,,,,O Stefano falou: Mãe, tenho certeza que é de henna,,,vc não é o tipo que faz tatoo, vc é mãe. Dei uma dura nele,,,,,,,,,,
    Bem, acho o máximo tatooooooossssss. Admiro quem as tem e quem não,,,,prefiro outros olhares para me midentificar com as pessoas,,,,acho que admiração é um deles,,,,,,
    Bjokinhas ,
    Mônica

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  4. Só não tenho uma tatoo por covardia mesmo... Medo da agulha com barulhinho! hehehe
    Mas acho lindas as tatoos bem feitas, coloridas, grandonas e pequenas!
    Toda essa história de preconceito me fez lembrar um episódio envolvendo um amigo meu, empresário, que tem lindas tatuagens coloridas nos braços e pernas. Certo dia, ele estava em seu Citroen (do tipo executivo tiozão), parado, esperando o sinal verde do semáforo. Atrás dele, um rapaz de terno e gravata num Celta velho. De repente, uma estudante bonitinha bateu com tudo o seu Ka, que foi projetado para cima do carrão do meu amigo. Saíram os três de seus carros, sem discutir. A polícia chegou e, para surpresa de todos, o policial se aproximou gritando com meu amigo, que estava de calça jeans e camiseta, com as tattos dos braços à mostra. O chamou de marginal, drogado e outras coisinhas nada educadas. Ainda teve a capacidade de ser educado com a mocinha e perguntar para o engravatado (um desempregado voltando de uma entrevista de emprego): "o senhor está bem? O que aconteceu". Ficou com a cara no chão quando descobriu que o carro do meu amigo (que apesar de tudo foi educado) era o importado que estava parado esperando o semáforo abrir. Tomado pelo preconceito, ele tinha certeza que o tatuado estava no Ka que provocou o acidente... Morreu de medo de ser processado. Mas não sei se tem penalidade para isso...

    Me desculpem o tamanho deste comentário, mas achei oportuno. rs

    Um beijo para vcs!
    Lili

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  5. No meu trabalho ter tatuagem é sinônimo de virtude, risos. Aqui quanto mais ousado o visual, melhor.
    Beijos,
    Irma

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  6. Os preconceitos existem até mesmo por conta de uma sociedade com baixos níveis de criticidade, que permite-se à imposição de valores estéticos que em nada refletem o "ser" humano, igual a qualquer outro. As tatuagens se assemelham muito, numa outra vertente, à invisibilidade social! E os códigos corporativos são bem mais tradicionais e replicadores dos valores "impingidos".
    E nós? Nós aprendemos a "digerir" tais absurdos com sabor de "regras sociais".

    Abraços"

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  7. tenho os dois braços fechadosde tattoo e consegui um trampo bom de boa...
    trabalho com informática intão to nem ai pra esses preconceitos da sociedade, afinal tatuagem não muda personalidade

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