terça-feira, 1 de novembro de 2011

Dia dos Mortos


Amanhã é 2 de novembro. Dia de finados no Brasil. Dia de chorar os mortos.

Sempre morei perto do cemitério e hoje trabalho de costas para um. Cemitérios sempre foram para mim um local de paz e serenidade.

Em vários lugares do mundo, o dia dos mortos é comemorado com festa. Acho que a mais conhecida e divulgada é a mexicana. Lá a festa é regada a muita bebida, comida, música e danças. E também muito respeito.

Aqui no Brasil, todos choram a sua perda. No México, celebram a outra vida e a passagem.

Doi, não tem como negar. Mas a possibilidade de celebrar a vida de alguém é fantástica.

Nunca me esquecerei de uma antiga chefa, que virou uma grande amiga, que, ao saber do falecimento de um amigo na França, resolveu homenageá-lo com uma festa de arromba. O morto era um artista apaixonado pela Carmem Miranda. O tema da festa foi definido. Um enorme painel da Carmem foi alçado às alturas no meio da pista. Fotos do rapaz foram dispostas por todos os lugares para que os amigos pudessem mandar recados. E a música rolou a noite toda.

Foi lindo. E inesquecível… Estávamos tristes, mas por outro lado também felizes porque sabíamos que a nossa despedida tinha sido uma homenagem à vida dele.  A toda a vida dele. Não só àquela passagem e à saudade que ele iria deixar daquele momento para frente.

Na verdade nunca perdi uma pessoa essencial para mim. Não posso mensurar o quanto isso doi. Mesmo porque dor é algo individual e indivisível. Único para cada pessoa. Mas pelo andar da carruagem esse processo está próximo. Se irei festejar ou chorar, ainda não sei. 

O que sei, de verdade, é que tenho que fazer o melhor hoje para aqueles que amo, para que no momento da despedida não existam remorsos ou desejos não realizados. E aí sim, a festa da vida estará completa.

Feliz Dia dos Mortos!
Um cheiro,
Zoe

2 comentários:

  1. Lindo lindo lindo seu texto Zoe! Simplesmente amei! Me deu até vontade de escrever tb... acho que com certeza vamos reavivar nosso blog querida! Vc sabe que perdi alguém muito importante pra mim, e na vida são várias as mortes que enfrentamos! é duro mas nos ensina muito e vamos mudando e quando temos sorte celebrando essas mudanças!
    beijocas,

    Mari

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  2. É a única e mais dolorosa certeza que temos, né!
    A morte de familiares e amigos ainda me causa um certo medo. Pensar na minha já foi assustador um dia, hoje me parece até um tanto interessante pensar nela como uma viagem... Aquele papo da dúvida do que vem depois, se vem algo depois, se vamos mesmo pra outro lugar, se reencontramos que já se foi. De qualquer forma, e ironicamente, a morte faz parte da vida. Faz sentido na festa promovida por alguns povos. Mas acho que prefiro cultuar a memória no meu silêncio... E sempre lembro do que eu ouço da minha mãe e ouvia da minha querida avó, de quem me despedi com muita dor: "nunca esqueça seus antepassados. Nunca deixe de cultuá-los. Eles estão sempre com você".

    É simples, mas não é fácil.

    Bjs

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