Um convite inusitado para cantar

Eu já contei aqui que canto, no chuveiro, como quase todo mundo, e nas minhas aulas com a queridíssima professorinha Camila. Sempre gostei de cantar. Herdei isso do meu pai, que cantava em bares. Quando era criança, eu e minha irmã morríamos de vergonha dele cantando pelos bares e nas praças de São Paulo, mas de alguma forma isso ficou comigo.

 Talvez por crescer sem dar valor, mantive meu canto escondido, em um canto dentro de mim. Só coloquei isso para fora em uma viagem que fiz para os Estados Unidos, há dois anos. Eu estava caminhando sozinha pelas ruas de São Francisco, quando uma mulher de uns 60 anos de idade me parou para perguntar sobre um lugar. Ela me contou que viajava sozinha pelos Estados Unidos e a convidei para brindarmos o encontro. Fomos beber em um pier delicioso, onde essa suíça de nome Úrsula me disse que trabalhava em uma orquestra em seu país, e que estava em busca de novos talentos nos Estados Unidos. Ela, então, perguntou se eu tocava algum instrumento.

_ Euzinha? Nada, só toco campainha. Mas gosto de cantar.

_ Sua voz é linda, ela me disse.

_ Minha voz? Nossa, estou apenas conversando com você, em outra língua, como pode dizer que minha voz é boa?

_ Eu trabalho com isso. Não me engano. Você deveria estudar canto.

Esse foi um dos elogios mais inesperados e maravilhosos que recebi na vida. Assim que botei os pés em São Paulo, procurei contatos para fazer aula e desde então (apesar dos canos que dou) vou pra lá acalmar a alma e o espírito. E não é que cantar me rendeu há alguns dias um convite lindo de uma amiga do peito para cantar no casamento dela?

Fiquei emocionada. Confesso que estou MOR-REN-DO DE ME-DO de dar algo errado, de tremer a voz, de faltar voz, de chorar ao vê-la entrar. Sim, a noiva pediu para eu cantar na entrada dela no salão! Mas achei lindo o convite, um momento especial que me deixa muito sensibilizada. Farei de tudo e mais um pouco para não decepcioná-la. Nem que eu cante a "beleza de ser uma eterna aprendiz."

Irma