Dilma e a falta de marido

Dilma com amigas no colégio Sion, em Minas.

 Aulas de bordado para formar mulheres para casar

Foi só uma mulher ser eleita presidente para a onda machista se manifestar. Desde o domingo, estou colecionando frases preconceituosas contra Dilma. A pérola eu ouvi na segunda de manhã, na academia.

Um senhor descascava o pepino contra o "povão que votou na Dilma". Para concluir a tese de que Dilma é uma péssima escolha, ele disse: "O que esperar de uma mulher que não tem nem marido". Eu, que até ali ouvia atentamente a conversa, tive que me intrometer.

"O senhor está dizendo que uma mulher que não tem marido não é capaz de governar um país, uma empresa?", perguntei.

O cara, que àquela altura estava discursando para uma plateia favorável às suas ideias, ficou surpreso com a minha reação e disparou: "Se ela é sapatão, o azar é dela". Gente, é muita baixaria! Em pleno século 21, ainda tem gente que julga uma mulher por não ter marido. É o armagedon, como diria meu amigo Vitão!

Da biografia de Dilma, o que sabemos é que ela é divorciada e tem uma filha. Se incomodar com o fato de que ela não tem marido é surreal. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, é solteiro e nunca, nunca, nunca ouvi alguém dizer que isso era um ponto desfavorável a ele como governante da maior cidade do país. A sociedade continua achando que um homem pode tranquilamente ser solteirão por opção aos 40, 50, 60 anos. Uma mulher de 62 anos, como é o caso de Dilma, não. Até quando?

Ideologias à parte, ficar discutindo sobre a vida pessoal de Dilma, sinceramente, não contribui em nada para o futuro do país. É uma tremenda bobagem. Preconceito. Pior, julgar uma mulher pela falta de homem ao lado dela é tão antiquado quanto chamar perfume de água de cheiro.

Irma