Não. Não falarei de amor carnal entre duas pessoas. Falarei de amor entre irmãos e o relacionamento entre eles.
Amo minha irmã. Muito, mesmo. Gosto de estar ao lado dela e de conviver com ela. Até certo ponto.
Acredito que todos os relacionamentos do mundo devem ser conquistados e cultivados. Desde a mãe com o filho, até aquele rapaz que você conheceu no boteco enquanto esperava a chuva passar.
Acredito que limite e respeito estão no mesmo patamar e são complementares ao “ouvir e se colocar no lugar do outro”. Parece simples, mas não é nada fácil. Pelo contrário. Quando estamos na loucura do dia a dia, parece que a nossa voz é a mais importante e a única que desejamos ouvir. Parece que o nosso lugar é sempre o certo. O outro sempre tem um motivo para implicar ou exagerar sobre alguma coisa... Nunca fazemos por mal...
Mas num é assim. Não pode ser assim.
Tudo na vida tem limite. Tem que ter limite. Não é porque uma pessoa é do mesmo sangue que pode usurpar da sua autoridade, sua liberdade, os limites da sua casa e da sua vida. E isso serve para qualquer relacionamento também. Nem todos os pais são amados e se dão bem com os filhos, nem todos os filhos são amados e se dão bem com os pais, assim como irmãos e assim vai.
Existem certas palavras mágicas que devem acompanhar todo e qualquer relacionamento. “Por favor”, “me desculpe”, “deixa pra lá” e tantas outras estão na minha lista. E ainda hoje, com mais de 40 anos, me surpreendo com algumas atitudes da minha irmã.
Sempre tivemos nossas desavenças. Desde coisas pequenas de adolescentes até questões importantes.
Ela já me apoiou em situações extremas, tenho que reconhecer. Mas também já fez besteiras homéricas que prefiro bem lembrar para que a dor do momento não volte com força.
De todo esse histórico (e tenho que dizer que não sou uma pessoa fácil e nem santa), o que mais me incomoda é o fato de ela não ouvir as minhas palavras e simplesmente desvalorizar os meus sentimentos. Parece que só a vida dela que importa.
Se no passado eu suportava, hoje não mais. Exijo respeito e vou tê-lo.
A última eu descobri há pouco. Ela simplesmente mudou o dia da minha faxineira, que nem é dela, mas minha e da minha mãe, para atender a uma necessidade dela. Detalhe: me pediu o telefone dela, mas não me pediu para mudar o dia ou sequer me avisou. A menina que me ligou...
Parece bobeira, mas não é: tinha uma lista de coisas para comprar para a faxina, o dinheiro da mulher e um monte de documentos e outras coisas que estavam no outro quarto, que eu não queria que a faxineira ou qualquer outra pessoa visse.
Se amo minha irmã por muitas coisas, hoje também a odeio por outras tantas.
Agora, nesse exato momento, estou morrendo de raiva e com uma vontade enorme de chamá-la de todos os nomes do mundo. O máximo que fiz foi mandar dois torpedos com “boas palavras” falando sobre mais esse absurdo e abuso. Claro que ela não respondeu.
A pergunta que fica é: o que fazer? Falar não adianta. Pedir não adianta. Nada adianta. Mas ela continua sendo a minha irmã querida. Que meleca... Que raiva...
(E me desculpem pelo desabafo...)
Zoe